sexta-feira, 15 de abril de 2016

Como ter uma boa saúde oral

De acordo com o mais recente Barómetro Nacional de Saúde Oral, promovido pela Ordem dos Médicos Dentistas, 70% dos inquiridos têm falta de dentes naturais, 36,7% nunca vão ao dentista e quase 30% consultam o especialista apenas em situações de emergência. Contudo, o uso correto da escova de dentes e do fio dentário, juntamente com as consultas regulares, poderiam evitar o aparecimento de muitas doenças odontológicas extremamente frequentes.
Os dentes são elementos imprescindíveis para a mastigação, a fala e a estética. No entanto, segundo o Barómetro Nacional de Saúde Oral, 70% dos inquiridos têm falta de dentes naturais, 20% têm uma falta superior a 10 dentes e 7% sofrem ausência total de peças dentárias naturais. Mais de metade das pessoas (56,1%) não usam qualquer tipo de prótese ou implante em substituição dos dentes perdidos, muito embora já tenham sentido dificuldade em comer (50,1%) ou até vergonha devido à aparência da boca (18%).
Os hábitos alimentares modernos implicam a necessidade de uma cuidadosa higiene oral, não só pelo combate ao mau hálito, mas, sobretudo, para prevenir as doenças dentárias, algumas das quais acabam por originar perdas.
Cárie: O principal inimigo
A cárie dentária e a doença periodontal são duas patologias habituais da boca e também das que mais afetam o ser humano.
Em ambos os casos, a principal responsável é a placa bacteriana, uma película incolor que se forma constantemente entre os dentes, inclusive na ausência de comida. Este depósito de placa pode ser aumentado por uma saliva viscosa e densa, dentes mal colocados que dificultem as medidas de higiene ou uma dieta demasiado rica em açúcares.
A melhor forma de prevenir a doença periodontal e as cáries, principais responsáveis pela perda de dentes, é através do uso muito frequente da escova de dentes e do fio dental, para além das visitas regulares ao dentista.
A cárie é uma doença infecciosa localizada, na qual intervêm, fundamentalmente, três fatores: microrganismos – bactérias –, suscetibilidade do próprio dente – herança genética, imunidade, idade, etc. – e alimentação. Trata-se de um processo infeccioso numa zona altamente vascularizada, pelo que representa uma ameaça, não só para o resto da boca, como para todo o organismo. A anatomia, a posição dos dentes ou a qualidade da saliva são fatores que influenciam o seu aparecimento, embora a falta de higiene seja o fator predominante.
Os dentes mais frequentemente atacados pela cárie são os primeiros molares definitivos, os que saem por volta dos 6 anos de idade; na adolescência, produzem-se mais cáries nas zonas situadas entre os dentes; a partir dos 40 anos, são mais frequentes as chamadas “cáries do cimento” devido à descida das gengivas, que deixa a descoberto uma zona especialmente sensível do dente.
Beber água que contenha uma quantidade ideal de flúor é considerado como o método de prevenção mais eficaz, proporcionando só por si uma proteção, ainda que parcial, contra as cáries. Nos casos em que isso não é possível, há medidas alternativas, como o uso de suplementos de flúor, muito eficazes quando aplicadas regularmente.
Da gengivite à periodontite
Há quem pense que perder os dentes com o avanço da idade é normal. Não tem de ser obrigatoriamente assim. A principal causa para a perda de dentes nos adultos é a doença periodontal – ou doença das gengivas –, considerada a segunda doença mais frequente na boca. Conhecida, também, por piorreia, trata-se de uma doença de natureza inflamatória ou degenerativa, que afeta as gengivas e os tecidos que sustentam o dente. É crónica e de progressão lenta, de causa bacteriana infecciosa e, tal como a cárie, deve-se à placa bacteriana que se deposita à volta dos dentes, situação fomentada por uma má higiene oral.
O primeiro estágio da doença é a gengivite, que se caracteriza pela inflamação das gengivas, as quais ficam vermelhas e sangram facilmente. O segundo estágio – aperiodontite – é uma inflamação que afeta todas as estruturas de suporte dos dentes, até chegar à destruição do osso. A sua frequência é elevada na população a partir dos 50 anos, aumentando com a idade e chegando a afetar 70% dos seniores com mais de 65 anos.
É paradoxal que uma doença tão frequente disponha de medidas preventivas tão simples e eficazes. O simples controlo de rotina da placa bacteriana, juntamente com uma boa higiene dentária, poderiam levar ao desaparecimento desta doença.
Desorganização da dentadura
Perder vários dentes, embora não impeça a mastigação, é o começo de uma desorganização progressiva da dentadura.
O uso contínuo de próteses removíveis, método tradicional de substituição dos dentes perdidos, leva a uma perda progressiva do osso, que acaba em instabilidade e origina graves problemas.
A estética dentária pode fazer muito pelos dentes perdidos ou danificados: com simples revestimentos de porcelana ou implantes completos, podem solucionar-se problemas de mastigação, de expressão e de confiança. No entanto, não podemos esquecer que uma boa higiene oral é a melhor forma de prevenir doenças, protegendo, assim, a saúde e poupando dinheiro.
O QUE É A SENSIBILIDADE DENTÁRIA?
Milhares de pessoas evitam ingerir alimentos gelados, quentes ou doces devido à sensibilidade dentária. Mas o que é a sensibilidade dentária? É um problema vulgar, de que um em cada quatro portugueses sofre. Uns sofrem dores agudas, outros apenas, ocasionalmente, a habitual pontada.
O problema aparece quando a gengiva regride e deixa exposta a dentina, uma área sensível que conduz diretamente ao nervo. Uma dentada em qualquer coisa quente, fria ou doce e o nervo é imediatamente irritado.
A causa mais vulgar para a regressão das gengivas é a falta de cuidado na limpeza dos dentes, o que conduz ao aparecimento da placa. Ironicamente, escovar os dentes vigorosamente pode ser outra das causas, porque força as gengivas a regredirem.
É, pois, vital tratar a sensibilidade dentária. Muito embora não haja cura para o problema, existem dentífricos especialmente desenvolvidos para minimizar a sensibilidade, os quais são considerados bastante eficazes. Outra indicação importante é a substituição da escova de três em três meses. Um erro que se comete vulgarmente é a escolha de uma escova muito rija, na convicção de que é melhor para os dentes, quando, afinal, ela pode ser prejudicial para uma área delicada como são as gengivas. Procure uma escova recomendada para a sensibilidade dentária ou peça conselho ao seu dentista.
Dentes de leite
Os chamados “dentes de leite” – primeira dentição – iniciam a sua erupção por volta dos 6 meses de idade, completando-se, geralmente, aos 3 anos. São 20 dentes no total: 8 incisivos, 4 caninos e 8 molares, que costumam aparecer mais cedo nas meninas.
Os dentes de leite também reservam espaço na mandíbula para os dentes definitivos. Se aqueles forem perdidos prematuramente, os “vizinhos do lado” podem ser arrastados para o espaço vazio, o que impede a colocação dos definitivos e origina dentes tortos ou sobrepostos.
A dentição definitiva começa a surgir por volta dos 6 ou 7 anos. Esta segunda dentição tem de durar para toda a vida! Na dentadura permanente, os dentes são 32: 8 incisivos, 4 caninos, 8 pré-molares e 12 molares. Todos os dentes permanentes, à exceção dos dentes do siso, estão completamente formados entre os 14 e os 16 anos de idade.
Frequentemente, os dentes do siso não têm espaço para crescer, pelo que podem causar incómodos durante bastante tempo. A sua saída pode prolongar-se até por volta dos 24 anos.
Tanto na dentição temporária como na definitiva, as idades indicadas têm um carácter de orientação, já que ocorrem grandes variações dentro daquilo que é considerado normal, dependendo de fatores como a hereditariedade, as doenças locais ou as alterações gerais.
Porém, num aspeto todos os especialistas concordam: a lavagem dos dentes deve iniciar-se o mais precocemente possível. É aconselhável que a escovagem se faça, pelo menos, uma vez por dia, principalmente antes de deitar, já que é durante o sono que se produzem mais intensamente os processos de fermentação dos resíduos de alimentos açucarados.
A higiene dentária elimina os resíduos dos alimentos e destrói a placa bacteriana. Lavar os dentes não deve ser uma obrigação para as crianças, mas sim uma brincadeira que permita aos pequenos imitar os adultos. A limpeza dos dentes é um processo de aprendizagem, pelo que a criança deve dedicar-se a ele, pelo menos, 2 minutos de cada vez, para obter bons resultados.
Alimentação pode fazer muito pelos dentes
Uma alimentação adequada e correta, desde o nascimento, pode fazer muito pelos dentes das crianças. O leite materno continua a ser o melhor e mais completo alimento para o lactente, já que contém todas as substâncias nutritivas essenciais  para que a criança cresça saudável.
As cáries infantis, conhecidas por “cáries do biberão”, costumam afetar os dentes centrais superiores, embora também possam lesar outros dentes próximos. Por isso, é importante não dar ao bebé biberões com líquidos açucarados ou chupetas com açúcar. De resto, não é recomendável habituar as crianças desde muito pequenas ao sabor doce: o açúcar e os doces são extremamente prejudiciais para os dentes.
Embora a causa principal do aparecimento de cáries seja a falta de higiene, o consumo de doces é um fator importante no desenvolvimento desta afeção. Se esses produtos forem pegajosos – rebuçados, pastilhas, chupa-chupas, etc. – são ainda mais perigosos, porque facilitam a aderência da placa bacteriana ao esmalte.
Recorrer a uma alimentação saudável, que inclua produtos lácteos, verduras e peixe, proporcionará aos dentes tudo o que estes necessitam para se manterem saudáveis. O cálcio, a vitamina D e o flúor são indispensáveis para o crescimento e conservação dos dentes. Com uma dieta equilibrada, ingeriremos a quantidade suficiente destas substâncias.
Em períodos em que as necessidades são maiores – durante o crescimento, na gravidez, durante a convalescença de algumas doenças – podem tomar-se doses adicionais, sob a forma de suplementos.


Destaque
Alimentos amigos dos dentes
Cálcio 
É indispensável para a constituição do osso maxilar e para a formação e conservação da substância dura dental. Encontra-se no leite e nos produtos lácteos, no ovo, no peixe, nas frutas e legumes – agriões, alho-francês, espinafres, entre outros.
Vitamina D
Intervém na regulação do equilíbrio do cálcio e da sua absorção intestinal. É essencial para a boa saúde dos ossos e dos dentes. Os alimentos mais ricos em vitamina D são os peixes gordos – sardinhas, salmão, atum –, os produtos lácteos e a gema de ovo.
Flúor
Tem grande importância na conservação da dureza do esmalte e contribui para manter estável a matriz mineral óssea. A água potável é, em geral, a principal fonte de flúor, mas existem outras medidas alternativas, como o uso regular de suplementos de flúor. Também se encontra nalguns peixes – bacalhau, cavala, salmão – e no chá preto.

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